sexta-feira, 26 de dezembro de 2014

Com a casa "às costas" por NY e Philly

Welcome to Newark International Airport

Após uns dias de difícil expectativa relativamente a greves e afins, finalmente voei para os EUA.
Acontece que eu não era a única celebridade televisiva a bordo. Mesmo à minha frente está nem mais nem menos que Cristina Ferreira - guru da televisão portuguesa e possuidora de uma voz por vezes tão aguda que apenas é audível pela população canina, apesar da altura. Vem então um assistente de bordo apresentar as mais sinceras desculpas por não haver lugares disponíveis para ela e para o filho na classe executiva. Pergunto-me então se seria oferta, cortesia da companhia aérea, ou se terá sido pedido de upgrade da apresentadora. Enfim.

A "Border Patrol" no aeroporto estava uma vez mais com filas intermináveis de turistas entusiasmados para responder às indiscretas perguntas dos oficiais de fronteira, rodeados de informações como "if you notice any suspicious activities, please contact an officer", sinais de proibido tirar fotos, falar ao telemóvel (só falta ser proibido respirar), e cartazes da Port Authority - "We are the face of our nation". Mesmo tendo saído do voo a correr para chegar rapidamente à fila estou mais de 45 minutos à espera.
Apanho então o comboio para Penn Station (em vez de 2h de transfer de autocarro ou outro meio rodoviário, demoro 30min).


O que fazer em NYC com duas malas enormes, depois de 8h de vôo?

Saio da estação e vejo logo os milhares de reclamos luminosos da 7ª avenida junto ao Madison Square Garden. Decido então que empurrar os meus 2 malões por 10 quarteirões é o mal menos quando comparado com descer as escadas para o metro, passar as cancelas, esperar naquele calor insuportável pelas carruagens e subir escadas novamente. Agora, convenhamos que sexta feira ao início da noite (17h30) na autodenominada "fashion avenue" também não é pêra doce ter que serpentear pelo labirinto de pessoas que andam para cima e para baixo.

De qualquer forma chego ao Port Authority Bus Terminal esbaforido, mas inteiro. Imprimo o bilhete e tenho 2h30 até ao meu autocarro (vejam na foto o quão natalício está). O que fazer? Quase não há bancos. Os passageiros à espera de embarcar espalham-se pelo terminal encostados às paredes ou sentados no chão. Elementos da polícia de Nova Iorque e do exército americano (totalmente equipados) andam para cá e para lá em conversa, enquanto observam os transeuntes. Sou várias vezes abordado por pedintes e por uma senhora negra (com sotaque e tudo) que me pede o telemóvel para ligar ao namorado uma vez que o dela ficou sem bateria. 


O Natalício (e desfocado) Port Authority Bus Terminal em NYC


Cansado, farto de ser abordado e cheio de fome, pego novamente nos meus pesados companheiros de viagem e dirijo-me à "Five Guys - burguers and fries" da 42nd Street que, para não variar, está cheia. Após pagar os exorbitantes $12 (com moedas, o que eles supostamente detestam) por um hamburguer e uma bebida (cherry coke - refill) e sem fries, regresso ao terminal, sento-me em cima de uma das malas e devoro em poucos minutos o manjar (dos deuses?).


Five guys "regular" cup


Sou novamente abordado ("I'm $30 short of a Grey Hound ticket") antes de descer para a porta de embarque. Entro então para o autocarro, que está pelo menos com 30º de temperatura, a senhora motorista faz os anúncios de início de viagem "Welcome... please use headphones and keep your voice low..." e despeço-me da curta visita a NY.


Philadelphia!

O caminho para Philly é quase todo feito por autoestrada que é delimitada por portagens com direito à via verde americana - o EZPass. No entanto, mesmo à chegada passamos por algumas zonas de subúrbios com direito a casas pré fabricadas idênticas que se multiplicam por estradas largas calcorreadas por carros cujo tamanho mais pequeno parece ser o jipe. Como se não bastasse todo este pituresco quadro, heis que sou então transportado para um qualquer filme de Natal de sábado à tarde da SIC. Sim, são mesmo as casas overdecorated com milhões de luzes de natal, qual espetáculo de pirilampos estacionários e milhares de figurinhas no jardim. E não estou a hiperbolizar.

Chego finalmente a Philadelphia. Uma vez que são apenas 4 quarteirões, e bem mais pequenos que os de Nova Iorque, decido enfrentar o frio da noite e, uma vez mais, puxar os 2 malões pelas ruas.

Encontro facilmente a Martin Hall onde vou ficar no próximo mês e sou calorosamente recebido pela Diane - a funcionária de meia idade que veste por cima da sua roupa uma t-shirt da Jefferson. E este calorosamente refere-se ao "calor americano" em que os "Welcome!" e "How are you tonight?" num tom de voz bastante efusivo não são acompanhados pelo mesmo no olhar, que se mantém inerte. Sou então informado bastante exaustivamente de regras e "living tips", que confesso não ter assimilado devido ao avançado da hora e dos quilómetros percorridos.
Quando entro no quarto caio à cama e deixo-me dormir quase instantaneamente. 
Até amanhã, Philly.

--
Espero continuar esta crónica da vida aqui pelos "States" nos próximos tempos, e com posts mais visuais. Vou tentar manter as coisas interessantes e fazer updates regulares (se correr tão bem como o meu blog do Japão não vai haver muito mais para ler). Boa noite/bom dia!