It's always cold in Philadelphia
Viver nas residências da Jefferson tem os seus prós e contras. Se por um lado estou mesmo no centro do campus e tenho um quarto com as mínimas condições de vida, por outro custa balúrdios e não tem casa de banho. Estou no 1º piso da Martin Hall (que corresponde ao rés do chão em Portugal), que neste momento está praticamente vazia. Sou vizinho de pelo menos 3 asiáticas e um árabe que viram a cara no corredor, por isso é como se não estivessem também. Em contraste, a Diana apanhou-me uma vez a sair para ir lanchar e esteve a contar-me a vida toda. Isto durante 1h30, sem exageros. Quando saí fui diretamente jantar. Parece que a interpretei mal no primeiro dia, porque é muito prestável e aparentemente eu sou "very easy to talk to" e "a very good listener" (não é difícil quando ela conversa praticamente sozinha). Chamem-me má pessoa, mas agora tento sempre evitá-la, porque senão não consigo sair daqui.
 |
Vista da janela do meu quarto para o centro do campus da Jefferson |
 |
Cadeira anti-quedas (apaguei um cagaço quando me sentei pela primeira vez) |
Fica também este time lapse do nascer do sol para verem como ando a acordar cedo.
Quando consigo efetivamente sair de casa, deparo-me com um frio a que não estou habituado. Apesar de bastante bem encasacado, o frio ultrapassa a roupa e entranha-se, principalmente nas pernas, fico com rubor facial que nem um pai natal com uns copitos de eggnog a mais, e deixo de sentir as orelhas. Literalmente. Mas vale a pena enfrentar o frio por Philadelphia. É uma cidade tipicamente americana. Segundo já me foi explicado, é uma cidade de bairros onde quarteirões de pequenas casas de tijolo dão mais para baixo lugar a arranha-céus e grandes lojas como a "Macy's" ou a "Century 21" (não é a imobiliária!). Mas vou deixar a cidade para posts futuros. Para já deixo só estas fotos como teaser.
 |
Árvore de Natal do "Macy's" |
 |
O meu local de trabalho nos próximos tempos |
Respondendo à pergunta mais que mais me fazem as minhas avós: Sim, tenho-me alimentado bem (como se eu não tivesse reservas de sobra). Philly tem milhares de restaurantes e bem mais baratos que os que encontrei em Nova Iorque. E descobri uma ferramenta que tem feito maravilhas - Eat 24. Através desta aplicação posso encomendar refeições a vários restaurantes, sem ter que pagar nada além da comida e do imposto! Isto porque em vez de escolher a opção "delivery", escolho sempre "pick up" e assim evito pagar a tip. Apesar de tudo isto é controverso e há extensos artigos onde a temática é debatida aqui e aqui. Assim, tenho experimentado de tudo: chinês, japonês, chinês, italiano (não é piza), chinês. Resumindo, muito chinês porque é mesmo barato e ainda vem com fortune cookie, que não é lá muito "accurate" (vejam a foto).
 |
Porque a melhor maneira de cuidar da família é emigrar... |
New Year's Eve
 |
Pensamento do mês de janeiro no desk planner da Jefferson |
Decidi cancelar a visita a Times Square, para poupar fundos. Assim, passei o dia a passear por Philly, e às 18h dirigi-me a Penn's Landing, para ver o fogo de artíficio antecipado (para as criancinhas, digo eu), que foi lançado do Rio Delaware. Foram 10min gélidos, seguidos de outros gélidos 20min de regresso a casa, sem contar com os 20 min de ida que também o foram. Por esta razão, quando eram 0h (5h em Portugal) onde estava eu? No quentinho. Assim, pude no dia seguinte passear mais um pouco e aperceber-me que, em contraste com o que se passa em Portugal, no dia 1 a cidade continua a viva, com quase todas as lojas e restaurantes abertos (à exceção de bancos e assim).
Burocracias, burocracias, burocracias
Os americanos adooooram burocracias. Senão vejamos: É preciso seguro de saúde com características específicas desde um mínimo de deductible, que segundo percebi é o máximo que pagamos quando vamos ao médico, a um mínimo para repatriamento do corpo (bater na madeira); para começar a trabalhar é necessário ter o ID da Jefferson e para ter o ID da Jefferson é preciso ter uma entrevista com uma senhora dos "Environmental Health Services", depois levar o meu comprovativo de imunizações (mais um teste de IGRA) aos "Health Services" e depois ir à "Bookstore com todos o papel assinado por ambos os serviços, pagar $15 e finalmente (vamos ver) ter o cartão para poder pedir o acesso aos computadores e o email institucional.
No lab, é preciso ter uma chave que dá acesso a um corredor que tem uma porta fechada com um código que é individual, que dá para outra porta com outra chave. Além das cancelas da entrada que só abrem com o ID.
Para concluir, e após muita prospeção de mercado abri uma conta no TD Bank. A prospeção de mercado impõe-se uma vez que aqui tudo no banco se paga. Desde taxa para usar os ATM de outros bancos, a uma comissão de manutenção MENSAL, que pode ser evitada em certos casos (daí a prospeção bancária) como haver sempre um montanto mínimo na conta, a um depósito mínimo todos os meses. Curiosamente, para abrir a conta não foi preciso nenhum documento além do passaporte e deram-me logo o cartão e 3 cheques. E ainda não fui a nenhum serviço do estado!
Resumindo, nem todas estas picuinhices me tratam do jet lag, que ainda hoje acordei às 5h50 da manhã.
E já passou uma semana...